Segundo
relatório, número de pessoas com mais de 60 anos no planeta vai aumentar em
quase 200 milhões na próxima década.
Um
relatório de uma agência ligada à ONU afirmou nesta segunda-feira que, nos
próximos dez anos, o número de pessoas com mais de 60 anos no planeta vai
aumentar em quase 200 milhões, superando a marca de um bilhão de pessoas. Em
2050, os idosos chegarão a dois bilhões de pessoas - ou 20% da população
mundial.
O documento
do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês) faz
previsões sobre o perfil demográfico global e reflete o aumento da expectativa
de vida em diversos países do mundo. A tendência é que os idosos se tornem cada
vez mais numerosos em relação às pessoas mais jovens.
Em 2000, a
população idosa do planeta superou pela primeira vez o número de crianças com
menos de 5 anos. Agora, a entidade prevê que, em 2050, o número de pessoas com
mais de 60 anos vá superar também a população de jovens com menos de 15 anos.
Segundo a
UNFPA, o envelhecimento da população será mais perceptível em países
emergentes. Hoje, cerca de 66% população acima de 60 anos vivem em países em
desenvolvimento. Em 2050, essa proporção subirá para quase 80%.
A agência
da ONU diz que o aumento da expectativa de vida no planeta é "motivo de
celebração", mas alerta para alguns riscos econômicos do envelhecimento da
população. "Se não forem tomados os devidos cuidados, as consequências
destes temas provavelmente surpreenderão países despreparados", afirma o
documento.
A UNFPA
alerta que o desafio para muitos países emergentes com grande número de jovens
é encontrar políticas públicas para lidar com o envelhecimento desta população
nas próximas quatro décadas.
No Brasil,
a previsão é que o número de idosos triplique de hoje até 2050 - passando de 21
milhões para 64 milhões. Por essas previsões, a proporção de pessoas mais
velhas no total da população brasileira passaria de 10%, em 2012, para 29%, em
2050.
DISCRIMINAÇÃO
E MITO
Um dos
problemas enfrentados pelos idosos, segundo a ONU, é a discriminação. O
relatório fala que - apesar de 47% dos homens idosos e 24% das mulheres idosas
participarem do mercado de trabalho - as pessoas mais velhas continuam sendo
vítimas de "discriminação, abusos e violência" em diversas
sociedades.
O documento
traz depoimentos de 1,3 mil idosos em 36 países do mundo, inclusive do Brasil.
Um dos depoimentos destacados no relatório é da idosa brasileira Maria
Gabriela, de 90 anos, a favor do Estatuto do Idoso, um conjunto de medidas de
proteção à população mais velha que foi aprovado no Brasil em 2003.
Ela diz
que, desde que o Estatuto foi aprovado, os idosos aprenderam a reivindicar seus
direitos - como a meia-entrada para teatro e shows, as filas preferenciais em
bancos e passagens gratuitas em ônibus de linha ou intermunicipais.
O estudo da
ONU também fala que existem mitos comuns sobre idosos que nem sempre são
amparados pelos números. Uma ideia amplamente difundida é a de que os mais
jovens sustentam economicamente os mais velhos através do sistema de
previdência. Segundo a UNFPA, em muitos países, inclusive no Brasil, o caso
contrário ainda é bastante comum.
"Em
termos econômicos, ao contrário da crença popular, um número grande de pessoas
mais velhas contribui com suas famílias, ao amparar financeiramente gerações
mais jovens, e com as economias nacional e local, ao pagar impostos", diz
o relatório.
"No
Brasil, México, Estados Unidos e Uruguai, por exemplo, a contribuição
[financeira] dada pelas pessoas mais velhas é substancialmente maior que a que
eles recebem."
Um exemplo
extremo apresentado pelo relatório é o da idosa colombiana Ediberta, de 74 anos,
que perdeu seu filho devido à violência de guerrilhas no país e, hoje, sustenta
financeiramente oito netos com seus poucos rendimentos.