O brasileiro precisa estar atento para o que vai acontecer a
partir de janeiro de 2015 caso o PT seja derrotado nas eleições deste ano. Com
o estado aparelhado, os petistas em represália vão tentar desestabilizar o país
porque ainda é o partido mais organizado.
Comanda as centrais de trabalhadores
e milhares de sindicatos, portanto, têm como liderar greves e incentivar à
massa a ir às ruas contra o novo governo. Os petistas não vão dar trégua
porque, ressentidos com a derrota, tentarão de todas as formas inviabilizarem o
sucessor. Além disso, resistirão a abandonar os cargos para não perder os
salários milionários sem antes boicotar o serviço público e paralisar as
atividades afins do estado.
É assim que opera o PT. E foi assim que a cúpula do partido
agiu nos primeiros anos do governo Collor, quando estimulou a paralisação da
máquina estatal, criou CPIs, quebrou o sigilo fiscal de autoridades do governo,
fabricou escândalos e levou às ruas milhares de jovens (os caras pintadas) para
derrubar o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura. O PT não se contentou com a derrota do Lula e
organizou suas bases (sindicatos e centrais) para confrontar o novo governo.
Criou núcleos de espionagem dentro dos órgãos federais infestados de seus
militantes e simpatizantes e em pouco tempo derrubou o Collor, que já estava na
corda bamba pelo governo medíocre que fazia com denúncias de corrupção
pipocando por todos os lados.
Na oposição a partir de janeiro, caso a Dilma não se
reeleja, os petistas vão infernizar a vida de quem assumir o governo. Quatorze
anos administrando a máquina pública, eles aparelharam o estado e agora
conhecem como funciona a estrutura por dentro. Para desalojá-los do poder, o
presidente eleito certamente gastará boa parte do mandato na assepsia das
estatais onde os petistas estão infiltrados independentes da qualificação
profissional.

A estratégia consiste em dominar o Congresso Nacional no
caso do PT não conseguir reeleger a Dilma. Perde-se, portanto, o governo, mas
em compensação se ganha o parlamento submetendo o novo presidente às ordens
petistas, leia-se lulista. Nos estados onde o PT não desponta como favorito ao
governo, Lula tem estimulado uma aliança independente de ideologia para
aumentar o número de parlamentares, o que permitiria o partido ter maioria no
Senado e na Câmara e indicar os presidentes.
É assim que o ex-presidente quer permanecer soberano na
política. Lula sabe que a Dilma estaria definitivamente fora da política se
perder a reeleição porque não teria condição de se eleger nem a síndico de
prédio. A dificuldade dela de se manter
na política deve-se a sua falta de base eleitoral em Minas Gerais e no Rio
Grande do Sul os dois estados que abraçou para viver. Lula sabe também por
experiência própria que num regime presidencialista como o nosso, manter a
presidência das duas Casas é dominar o destino político do país como fazem
alguns partidos, a exemplo do PMDB de Sarney, de Renan e Michel que mantêm o
Executivo sob seu jugo.
Não à toa, Lula não demonstra nenhum apetite para ocupar o
lugar da Dilma. Conhece como ninguém a
incompetência da sua presidente para administrar o país e do fracasso que ronda
o setor econômico em 2014. Assim, previne-se ao entregar os anéis para
preservar os dedos: quer a Câmara e o Senado para transformar o Executivo refém
do seu partido, no caso de uma reeleição frustrada da Dilma.