VEJA A ENTREVISTA ABAIXO.
Dr. Paulo Niemeyer Filho (Neurocirurgião), recentemente
devolveu ao Maestro João Carlos Martins os movimentos no braço e mão esquerda,
através de cirurgia no cérebro; uma experiência inédita e magnífica, e com o
que nos relembra do cuidado que devemos ter para manter uma mente sã. Eis,
então, entrevista ao neurocirurgião Paulo Niemeyer
Filho, quando lhe foi perguntado:
O que fazer para melhorar o cérebro?
Resposta: Você tem de tratar do espírito. Precisa estar
feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se estiver deprimido, reclamando de
tudo, com a autoestima baixa..., a primeira coisa que acontece é a memória ir
embora. 90% das queixas de falta de memória é por depressão, desencanto,
desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem de ter alegria. Acordar
de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e
ter a autoestima no ponto.
Cabeça tem a ver com alma?
Resposta: Eu acredito que a alma está na cabeça. Quando um
doente está com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem
alma... Isso não dá para explicar; o coração está batendo, mas ele (o paciente)
não está mais vivo. Isto comprova que os sentimentos se originam no cérebro e
não no coração.
Você acha que a vida moderna atrapalha?
Resposta: Não. Eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida
na Idade Média era um horror. As pessoas morriam de doenças que, hoje, são
banais de ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As pessoas morriam em
casa com dor. Hoje, existem remédios fortíssimos; ninguém mais tem dor.
Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro?
Resposta: Todo exagero. Na bebida, nas drogas, na comida, no
mau humor, nas reclamações da vida, nos sonhos, na arrogância, etc. O cérebro
tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa depende da outra. É muito
difícil um cérebro muito bom n'um corpo muito maltratado, e vice-versa.
Qual a evolução que você imagina para a
neurocirurgia?
Resposta: Até agora, a gente trata das deformidades que a
doença causa. Mas, acho que vamos entrar n'uma fase de reparação do
funcionamento cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias com introdução
de cateter, colocação de partículas de nanotecnologia, em que você vai entrar
na célula, com partículas que carregam dentro delas um remédio que vai matar
aquela célula doente que te faz infeliz. Daqui a 50 anos, ninguém mais vai
precisar abrir a cabeça.
Você acha que nós somos a última geração que vai
envelhecer?
Resposta: Acho que vamos morrer igual, mas vamos envelhecer
menos. As pessoas irão bem até morrer. É isso que a gente espera. Ninguém quer
a decadência da velhice. Se você puder ir bem mentalmente, com saúde e bom
aspecto, até o dia da morte, será uma maravilha.
Hoje, a gente lida com o tempo de uma forma
completamente diferente. Você acha que isso muda o funcionamento cerebral das
pessoas?
Resposta: O cérebro vai se adaptando aos estímulos que
recebe, e às necessidades. Você vê pais reclamando que os filhos não saem da
internet. Mas eles têm de fazer isso, porque o cérebro, hoje, vai funcionar
nessa rapidez. Ele tem de entrar nesse clique, porque senão vai ficar para
trás. Isso faz parte do mundo em que a gente vive, e o cérebro vai correndo
atrás, se adaptando.
Você acredita em Deus?
Resposta: Geralmente, depois de dez horas de cirurgia,
aquele estresse, aquela adrenalina toda, quando acabamos de operar, vamos até a
família e dizemos: "Ele está salvo". Aí, a família olha para você e
diz: "Graças a Deus!". Então, a gente acredita que não fomos apenas
nós. Mas, que existe algo mais, independentemente de religião.