Cinco toneladas de pasta-base do entorpecente foram
apreendidas pela Polícia Federal desde o ano passado.
Desde 2012, já foram 5 toneladas de pasta-base apreendidas
na região pela Polícia Federal (PF), em seis operações como as de Indianópolis.
Porém, a estimativa da própria PF é de que as apreensões representem apenas a
ponta de um esquema de tráfico internacional que tem mobilizado quadrilhas
diversas na região. “Segundo os levantamentos nossos, com base nos relatos de
fazendeiros e trabalhadores rurais, são pelo menos cem pousos de aviões
carregados de cocaína realizados por mês aqui no Triângulo”, afirma o chefe da
Polícia Federal em Uberlândia, no Triângulo, delegado Carlos Henrique Cotta
D’Ângelo. Cada voo transporta, segundo policiais, entre 250 e 500 quilos de
pasta-base de cocaína, que pode chegar a US$ 6.000 o quilo aqui no Brasil.
Portanto, uma só aeronave pode levar uma carga de até US$ 3 milhões em
entorpecentes.
Segundo a PF, essas quadrilhas não vendem a droga, mas funcionam
como “empresas de logística”. Elas são contratadas pelos traficantes para
trazer o material das fronteiras com o Paraguai e a Bolívia até os grandes
centros do país.
A ação desses criminosos é rápida e muito bem treinada. Ao
chegar ao Triângulo, os aviões pousam em meio às plantações, em pistas
destinadas à aviação agrícola, onde caminhonetes com homens fortemente armados
esperam para fazer o descarregamento, que não dura mais do que dez minutos. O
avião decola, e a cocaína é distribuída em pequenas quantidades nos veículos e
segue para um local seguro de armazenamento. De lá, são redistribuídas para as
capitais do país. Cerca de 90% dos entorpecentes vão para São Paulo, e parte
deles, para a Europa.
O tráfico aéreo de cocaína não é uma novidade no país, mas
ocorria, em sua maioria, no Oeste paulista. A atividade agora invadiu as
divisas de Minas, que se tornou o local preferido das quadrilhas. O esquema
também começou a tomar o lugar do tráfico rodoviário, por ser mais lucrativo e
apresentar menor risco. O endurecimento da fiscalização nas estradas, com a
Polícia Rodoviária Federal utilizando scanners de rastreamento, aumentou a
chance de uma apreensão.
Chegando de avião, a cocaína é dividida em vários veículos e
percorre um trecho rodoviário menor. “Isso reduz muito o risco. Em alguns
casos, não conseguimos pegar o avião, mas localizamos caminhonetes com essa
droga. Mas a quantidade é menor do que a que chegou”, analisa Carlos Henrique
D’Ângelo.
PROCESSO
Varejo. Um quilo de pasta-base de cocaína produz
aproximadamente 900 gramas da droga. Misturada a outras substâncias, obtém-se
até 5 quilos de cocaína para venda nas ruas.
HISTÓRICO
- Década de 90. São registrados os primeiros casos de
tráfico de cocaína aéreo no Oeste paulista.
- Junho de 2012. Avião cai em Prata, no Triângulo Mineiro,
com 200 quilos de pasta-base de cocaína. Piloto e copiloto morrem, e Polícia
Federal (PF) intensifica investigações.
- Novembro de 2012. A PF desarticula uma quadrilha de
tráfico aéreo no Triângulo e prende sete pessoas, além de 200 quilos de
pasta-base.
- 2013. Mais cinco operações são realizadas, e 5 toneladas
de pasta- base, apreendidas.