Em contraste com
filmes de Hollywood, os tubarões não são caçadores de seres humanos. De acordo
com Szpilman, 90% dos ataques são acidente. Eles ocorrem, normalmente, em
pontos de água turva, onde a visibilidade do animal é prejudicada, e a
identificação do ser humano, também.
No Brasil, o problema
é bem localizado, indica o biólogo marinho. Nos últimos 200 anos, houve apenas
oito casos no Rio de Janeiro e nove casos em São Paulo. A grande concentração
de ataques se encontra em uma faixa de 20 quilômetros em Recife, já bem
delineada e monitorada. Foram 59 banhistas ou surfistas atacados pelos animais
em Pernambuco desde 1992, segundo o Comitê Estadual de Monitoramento aos
Incidentes com Tubarões (Cemit). Desse total, 24 faleceram.
As estatísticas não
deveriam alarmar os banhistas, acredita o pesquisador. Por isso, ele compara os
números de ataques de tubarões com aqueles promovidos por animais domésticos.
“Em todo o mundo, são 90 a 100 casos de ataques de tubarão registrados por
ano”, aponta. Já os cães são responsáveis por milhares de internações
hospitalares todo mês. Embora não existam dados oficiais, estima-se que mais de
30 pessoas morrem todo ano por ataques de cachorro somente nos Estados Unidos.
Assim como os outros animais marinhos mais bem vistos pelos
humanos, o tubarão cumpre uma importante função no ecossistema. “Mas ninguém
precisa lembrar a importância de um golfinho, por exemplo”, diz Szpilman.
“Temos que desmitificar o tubarão”.
As espécies mais
conhecidas de tubarão estão no topo da cadeia alimentar subaquática. Esses
predadores mantêm o controle populacional das suas presas habituais e são um
instrumento da seleção natural, ao eliminar os menos aptos. Como se alimentam
também de peixes doentes, feridos e mortos, colaboram para a manutenção da
salubridade dos oceanos.
Os seres humanos não fazem parte da dieta dos tubarões. Sua
alimentação varia conforme a espécie. O tubarão-baleia, por exemplo, o maior de
todos, se alimenta apenas de plâncton e pequenos peixes. No cardápio
tradicional dos tubarões, também constam lulas, crustáceos, focas, entre
outros.
Em Recife – As praias de Boa Viagem, com 24 ataques, e
Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, com 17, são recordistas de ocorrências. A
orientação é de que os frequentadores evitem banho em áreas de mar aberto,
durante a maré alta e em áreas profundas, com água acima da cintura.
A construção do porto
de Suape, ao sul do Recife, é apontada como um dos principais fatores para a
proliferação dos ataques na região, a partir do início da década de 1990. O
processo levou à destruição dos mangues, que provocou a migração de fêmeas de
tubarão-cabeça-chata, e o aumento de tráfego marítimo, o qual atrai os
tubarões. Outros fatores apontados pelo Cemit são a pesca de arrasto de
camarão, com descarte de peixes próximo às praias da área afetada e a
topografia submarina da região, caracterizada por um canal profundo adjacente à
praia. (Fonte: Terra)