A tendência já é forte nos Estados Unidos e agora dá seus
primeiros passos no Brasil. A tendência é interessante, uma vez que é cada dia
mais fácil ter acesso a conteúdos online nos mais diversos dispositivos, seja
no computador, no tablet, no smartphone e mais recentemente até nas TVs
conectadas; melhor ainda se esse produto tiver qualidade semelhante à que
estamos acostumados a ver na televisão.
O Netflix, que nasceu como uma locadora de DVDs por correio
e evoluiu seu negócio para se tornar uma gigante de streaming de vídeos, é uma
das marcas que entrou nessa onda. Recentemente, a empresa estreou uma série de
produção própria chamada House of Cards. Estima-se que cerca de 100 milhões de
dólares foram investidos. E o sucesso dessa aposta já fez o Netflix preparar o
lançamento de mais duas novas superproduções, nas quais a empresa planeja
investir 300 milhões de dólares nos próximos três anos.
Ainda não disponível no Brasil, o serviço de streaming Hulu
– que faturou 420 milhões de dólares em 2011 – prepara para ainda este ano a
estreia de uma série animada chamada “The Awesomes” e também a cômica “The
Wrong Mans”. Já a gigante do varejo online Amazon, aposta na descoberta de
novos talentos. No ano passado, a empresa abriu um processo de seleção de
pilotos de longas-metragens e séries e já recebeu milhares de roteiros. As
melhores produções vão gravar um piloto totalmente financiado pela Amazon
Studios e, se o projeto agradar ao público, a Amazon continuará bancando a
produção.
Em um modelo de negócio um pouco diferente, o YouTube –
maior plataforma de vídeos online, com 800 milhões de usuários únicos por mês –
também estimula e colabora com a produção de conteúdo de alta qualidade. A grande audiência do portal tem reflexo
direto na publicidade vendida pelo YouTube e começou a atrair grandes
produtoras com conteúdo de altíssima qualidade.
Quando o vídeo submetido começa a ganhar uma boa audiência,
nós convidamos aquela produtora - depois de ser certificar de que ele é dona
dos direitos do conteúdo - e convidamos para o programa de parcerias. Então ela
começa a gerar receita a partir de todos os vídeos", comenta Federico
Goldenberg, gerente de parcerias do YouTube Brasil.
A diferença é que o YouTube não patrocina qualquer produção,
mas repassa ao a maior parte da receita relacionadas aos “views” daquele vídeo.
Neste modelo, o YouTube não detém exclusividade de qualquer conteúdo produzido
por parceiros, que continuam com todos os direitos sobre suas produções. Um dos
maiores exemplos é o canal “Porta dos Fundos”, grande sucesso na web.
"Parte de nós conversarmos com as produtoras que fazem
um trabalho de qualidade e convidá-las para virem para o YouTube, explicando
como funciona o nosso modelo de remuneração e compartilhando cases de sucesso.
Ao mesmo tempo nós procuramos empresas que fizeram vídeos que foram sucessos,
sempre buscando os melhores conteúdos", esclarece Goldenberg.
Apesar de não financiar as produções, o YouTube trabalha de
perto com seus parceiros para oferecer todas as ferramentas necessárias para
que essas produções gerem ainda mais audiência. Existe até uma espécie de
cartilha com todos os passos para quem quiser começar a produzir um canal e
desenvolver uma grande audiência. É um jogo de interesse mútuo e, por isso, a
contribuição vai além.
"Alguns parceiros são convidados para cursos em São
Paulo e em outras cidades, com nossa equipe nos Estados Unidos, sepre com o
objetivo de munir os parceiros com o melhor conhecimento e o mais atualizado
possível, com exemplos de parceiros de outros países. Queremos que a prática se
espalhe pelo YouTube", diz o executivo.
Mas essa nova tendência, além de ser uma grande oportunidade
para as produtoras de conteúdo, é um sinal de que nessa corrida de convergência
entre internet e TV as diferenças ficam cada vez menores.
Assim, sim, talvez o futuro da TV esteja mesmo na web! Nós
mesmos somos um exemplo: há anos você tem todo o conteúdo do Olhar Digital à
sua disposição via Web. São vídeos e até o programa na íntegra, produzidos com
qualidade superior ao que se encontra na TV, e com um compromisso direto com a
turma conectada. E você, o que acha da tendência? Você também já assiste a
vídeos do mesmo jeito que assistia antigamente a programas de TV?