Por Bruno Castilho/ Taubaté-SP.
Para o Ministério Público, poder da facção criminosa que
domina o interior dos presídios de São Paulo está longe de acabar.
Terça-feira, dia 31 de agosto de 1993. Ninguém poderia
imaginar que uma partida de futebol disputada entre presos da Casa de Custódia
de Taubaté mudaria a história do crime em São Paulo e no Brasil. Ali, em uma
reunião entre oito homens, surgia a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital).
Durante esses 20 anos, a facção já fez eclodir rebeliões em
presídios de todo o Estado e
comanda ações da criminalidade, mesmo dentro das cadeias de
São Paulo.
De acordo com Lamarque Monteiro, ex-comandante do 5º BPMI
(Batalhão de Polícia Militar do Interior) e autor do livro que conta a história
da Casa de Custódia de Taubaté, o PCC surgiu da reunião de oito criminosos de
alta periculosidade que vieram de São Paulo e faziam parte de um grupo chamado
'Serpentes Negras'. "Eles ficavam em uma parte isolada da Casa de
Custódia, chamada Centro de Readaptação Penitenciária, conhecida como
'Piranhão'. Lá eles ficavam em uma cela fechada por 180 dias e só saiam de vez
em quando. Eles ficaram irritados com a maneira que estavam sendo tratados e
formaram o PCC."
Segundo Monteiro, logo que foi fundada, a facção teve um
estatuto criado pelo grupo. Tudo com ajuda de outros dois detentos. "Os
irmãos Turci, uns mafiosos italianos que estavam aqui, ajudaram eles a elaborar
esse estatuto", disse.
De lá para cá, o PCC cresceu. Em maio de 2006, respondeu com
violência à decisão do Estado de separar suas lideranças. Durante os ataques,
564 pessoas morreram.
PODER
Para Luiz Marcelo Negrini, promotor de justiça e Execuções
Criminais de Taubaté, o PCC ainda está longe de acabar. "Dentro dos
presídios existem outras facções, mas o PCC é o que tem mais 'filiados'. Eles
são muito organizados e essa organização acaba atrapalhando o MP nas
investigações. Eles estão sempre um passo à frente.”
O PCC também está
envolvido na morte de José Ismael Pedrosa, ex-diretor da Casa de Custódia, em
outubro de 2005.
A FACÇÃO
Sigla: PCC - Primeiro Comando da Capital
Números: A organização também é identificada pelos números
15.3.3; a letra "P" é a 15ª letra do alfabeto português e a letra
"C" é a terceira
Fundação: 31 de agosto de 1993
Local: Casa de Custódia de Taubaté-SP.
