Para alegria dos apaixonados por futebol, ainda estamos na Copa
do Mundo. A imprensa tem concentrado as atenções ao mundial, às empresas ainda
buscam aquele espaço para divulgar o seu produto durante o evento e os
jornalistas, até aqueles que não se simpatizam tanto com futebol, produzem suas
pautas em torno do espetáculo.
Diante desse cenário, criticado por
alguns leitores da grande mídia, os assuntos referentes à política e eleições
perdem um pouco de espaço. Entretanto, com o mínimo que já é repercutido, é
possível observar que aquela velha maneira polarizada de observar a política no
Brasil será tão intenso quanto nas eleições anteriores.
De acordo com pesquisas realizadas entre 30 e 01 de junho,
61% dos eleitores votariam em Dilma Rousseff (PT) ou em Aécio Neves (PSDB). Nem
mesmo Eduardo Campos (PSB), que vem tendo um relativo espaço dentro da mídia
junto com Marina Silva (PSB), vem conseguindo se aproximar dos dois primeiros
presidenciáveis.
Ou seja, de 11 possíveis candidatos a presidente do Brasil,
somente 2, no máximo 3, são lembrados na campanha. Com menos pessoas em
evidência na campanha eleitoral, menos projetos em políticas públicas sociais,
menos ideias a serem difundidas e, acima de tudo, menos debate.
Por falar em debate, uma notícia da Folha de São Paulo
mostra como caminhamos para a polarização. A matéria informa sobre o interesse
(ou a falta dela) da Globo em organizar o debate entre os candidatos a
presidente para somente os 4 primeiros da campanha, 2 a menos do que em 2012.
Portanto, aqueles que não conhecem todos os candidatos, se depender da maior
emissora do país, continuarão sem conhecer. A grande mídia, entre elas a Globo,
cada vez mais centraliza as atenções para os grandes e esquecem os pequenos.
O debate deveria ser o contrário daquilo que propõe a Globo.
A imprensa, nós jornalistas, tem a responsabilidade de ampliar o debate,
avaliando TODOS os candidatos, tratando um candidato desconhecido com a mesma
importância dos “dinossauros” da política brasileira e dar condições para que
todos tenham possibilidade de falar e serem ouvidos. A proposta da emissora
global vai contra a diversidade de ideias e de projetos a serem difundidos e
avaliados pelo público, tornando-se, portanto, mais uma decisão que ajuda a
polarizar a política brasileira.
Vale ressaltar, no entanto, que não compactuo com a ideia de
que o voto é a única ferramenta que o brasileiro tem para fortalecer o Estado e
melhorar a vida da população. Acredito que vivemos em uma democracia
representativa, no qual a escolha de um candidato está longe de ser uma ação
que vai mudar a vida de todos.
Entretanto, mesmo diante disso, é sempre importante
enaltecer o ato de analisar os candidatos aos cargos de deputado, senador,
governador e presidente, para assim ter uma ideia mais concreta em quem você,
cidadão e eleitor, desejam para gerir o Estado. A internet, cada vez mais,
mostra-se como única ferramenta possível para estes estudos, porque, se
depender da televisão, a polarização PT e PSDB vai se manter forte nas próximas
eleições.
Por Henrique Rodrigues