Por Carlos
Chagas – (Tribuna da Imprensa) Imagens – (Vale Sul News)
Presta-se a algumas conclusões o reconhecimento
de que desmatamos a Amazônia muito mais do que recomendaria o bom senso.
A primeira,
de que, além de haver faltado com a verdade, o governo acaba de fornecer munição
para a cobiça internacional. Basta passar os olhos nos principais jornais da
Europa e dos Estados Unidos. Todos abrem espaço para o que lhes parece à
destruição do "Pulmão do Planeta", não demorando o retorno da seqüência
de que a Amazônia precisa ser internacionalizada. Para alguns ingênuos e um
número bem maior de malandros, o Brasil carece de condições para deter
soberania na região, estando à prova nas sucessivas queimadas e devastações
denunciadas e reconhecidas.
Não se
imagina qualquer ocupação militar por parte das nações ricas. Elas saberão das
sucessivas transferências de unidades militares do Sul, Sudeste e Centro-Oeste
para a Amazônia, nos últimos anos. Não que pudéssemos enfrentar por mais de
quinze minutos uma guerra convencional contra alguma "coligação"
tecnologicamente muito mais avançada. Acontece, porém, ser outra a estratégia
brasileira: nossos guerreiros se transformarão em guerrilheiros.
Por esse
motivo já nos obrigaram a assinar um tratado militar comprometendo-nos a não
colocar minas em pontos-chave da floresta. Não importa essa iniciativa só
depende de nós. Além disso, vêm sendo cavados bem fundo, no solo amazônico,
depósitos de munição, combustível e mantimentos.
Não faz
muito uma delegação das Forças Armadas brasileiras visitou o Vietnã. Por via
das dúvidas, fomos buscar a experiência de um povo que saiu vitorioso nessa
espécie de conflito. Entrar, os adversários podem. Sair, só derrotados...
Existem
outros tipos de internacionalização, como o da aquisição de imensas glebas
amazônicas por estrangeiros. Vergonhosamente estimulados pelo próprio governo
do Brasil, e pela lei, os compradores arrendam milhares de hectares por 40
anos, renováveis por mais 40, comprometendo-se a preservar a floresta, mas, de
modo estranho, autorizados a extrair madeira.
A invasão
se faz por via econômica, impulsionada por mil e uma ONGs, nacionais ou vindas
de fora. Além de tentarem interromper o desenvolvimento da região, que numa
etapa inicial gostariam fosse um imenso jardim botânico, essas entidades
trabalham tribos indígenas, apesar delas constituírem parte indissolúvel de
nossa população. Pretendem transformá-las em "nações".
Além disso,
convenceram o Congresso e o governo a conceder-lhes monumentais espaços onde o
cidadão brasileiro é impedido de entrar, mas, estranhamente, estrangeiros
podem. Aguardam a oportunidade para algum organismo internacional reconhecer a
"independência" dessas nações, com governo próprio e até assento na
ONU.