segunda-feira, 9 de junho de 2014

ALTERNÂNCIA NO PODER > “Qualquer semelhança é mera coincidência”



Não vejo com bons olhos a perpetuação no poder, mesmo que legal e constitucionalmente. O ser humano não é confiável a tal ponto. Alguma hora o poder sobe à cabeça. A democracia acaba se transmutando numa ditadura disfarçada, onde o governo usa o “rolo compressor” para fazer valer suas políticas”. 
A democracia é um processo evolutivo. Às vezes lento, às vezes injusto, mas é o melhor do pior, como alguém já falou antes. Qual seria outra alternativa? Difícil responder. Qualquer outro sistema sempre pode esbarrar no autoritarismo.
Mas a grande e inquestionável vantagem da democracia é reconhecer a falibilidade do ser humano, ou seja, entender que ninguém é dono da verdade absoluta, que ninguém pode achar que o seu ponto de vista é o certo e os outros sempre estão errados. E, principalmente, que todo mundo quer fazer um bom trabalho, quer fazer a diferença, quer deixar o seu legado nesta existência, seja no trabalho, seja na família, em todas as relações sociais. Claro que há exceções, e elas devem ser tratadas assim: como exceções, não como regra.
Visto isto, podemos começar a tecer algumas considerações sobre a democracia brasileira. Acho que não preciso enumerar todas as suas falhas e desvios. São muitos! Mas estamos construindo-a. Basta lembrar que já foi muito pior. Um desses preceitos básicos da democracia é, sem dúvida, a alternância no poder. Alguém vai perguntar: por que alternar quando está dando certo? Aí começamos o diletantismo. Quem disse que está dando certo? O que é “dar certo” para cada um? Pode estar dando certo em alguns quesitos, em outros não. O que eu espero de um governo?
Questões bastante controversas, não é verdade? Mereceria uma discussão mais alongada e dialética. É exatamente isso: dialética. Cada pessoa é diferente da outra, cada pessoa pensa diferente do outro. Graças a Deus! A evolução nasce da diversidade, não da igualdade.
Pensando assim, não vejo com bons olhos partidos que se acham mais merecedores do poder que outros. Não vejo com bons olhos a perpetuação no poder, mesmo que legal e constitucionalmente. O ser humano não é confiável a tal ponto. Alguma hora o poder sobe à cabeça. A democracia acaba se transmutando numa ditadura disfarçada, onde o governo usa o “rolo compressor” para fazer valer suas políticas. Num país como o nosso, onde os partidos não são ideologicamente claros e definidos, onde o fisiologismo impera, onde a relação de poder se dá na base do “toma lá, dá cá”, isso se torna um grande problema, um dos tais desvios que mencionei anteriormente.
Coloco essa questão para que todos possam refletir. Sem querer influenciar ou dissuadir ninguém. Precisamos ficar atentos às tentativas de usurpar a democracia, mesmo sendo esta tão falha e ineficiente. O que devemos fazer é lutar por uma democracia mais completa. Melhorar as instituições democráticas, melhorar a educação das pessoas para que elas possam fazer reflexões mais profundas como esta que faço agora. Que, na hora do voto, o eleitor analise todos os aspectos do governo e da oposição, não pense apenas na sua condição financeira.  E, principalmente, que ele não se deixe influenciar por mitos, lendas, etc. Os caras que vamos colocar na presidência, nos governos estaduais, nas câmaras e assembleias, nas prefeituras, são nossos empregados. Pagamos seus salários para administrar a coisa pública. Eles têm que fazer um bom trabalho. Isso é obrigação. Não devemos cultuar ou idolatrar A ou B porque melhoraram as condições da população. Devemos é exigir mais. E, também, pensar em outras alternativas, outras pessoas, outra administração. Se errarmos, tiramos de lá, porque quem manda é a gente. Eles são apenas subalternos.
Por Marcelo de Abreu e Lima