EUA, França e Reino Unido realizam ataques contra forças do país; 112 mísseis americanos e britânicos atingem 20 alvos
As forças aliadas entraram em ação neste sábado para impedir que as forças do líder líbio, Muamar Kadafi, mantenham seu ataque contra o reduto rebelde de Benghazi, no leste do país. EUA, Reino Unido e França bombardearam alvos na capital da Líbia, Trípoli, e em Misrata com o objetivo de implementar a zona de exclusão aérea prevista pela resolução do Conselho de Segurança da ONU de quinta-feira.
Em visita oficial ao Brasil, o presidente dos EUA, Barack Obama, confirmou os EUA começaram uma ação "militar limitada" no país. Ao mesmo tempo em que disse estar "ciente dos riscos para as forças dos EUA", afirmou que o mundo tem de agir quando Kadafi não cumpre com sua declaração de cessar-fogo e continua com sua ofensiva contra os rebeldes. Em pronunciamento gravado, o líder americano também reiterou que os EUA não usarão tropas terrestres no país.
Na sexta-feira, Obama já havia subido o tom com Kadafi: "Deixe-me ser muito claro: Esses termos (do Conselho de Segurança da ONU) não são negociáveis. Se ele não acatar, a comunidade internacional imporá conseqüências", afirmou.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, também confirmou a participação de aviões do Reino Unido.
Os EUA e o Reino Unido dispararam 112 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra 20 alvos do país a partir de submarinos e navios posicionados no Mar Mediterrâneo, informou o Pentágono. O objetivo do ataque foi destruir a defesa antiaérea de Kadafi nas cidades de Misrata e na capital, informaram fontes do Pentágono.
Aviões da França começaram a operação na tarde deste sábado, anunciou o Ministério da Defesa francês, que ressaltou que a missão pretende garantir a implementação da zona de exclusão aérea e evitar ataques contra a população civil. Segundo o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a ação acontece para impedir que as forças do governo líbio ataquem o reduto rebelde de Benghazi. Em meio aos ataques, a TV estatal líbio alegou que áreas civis foram atingidas na ação.
Thierry Burkhard, coronel do Estado-Maior do Exército francês, indicou em que um dos caças franceses envolvidos nas operações fez "um disparo por volta das 17h45 contra um veículo militar". Citando fontes dos rebeldes, o canal de televisão "Al-Jazeera" disse que os caças franceses Rafale destruíram pelo menos quatro tanques, sem dar mais detalhes.
A ação começou horas depois de líderes ocidentais e árabes terem se reunido em Paris para chegar a um acordo sobre a ação para confrontar Kadafi. "Nossa Força Aérea se oporá a qualquer agressão", disse Sarkozy, que previamente havia anunciado que aviões franceses já sobrevoavam a Líbia.
Sarkzoy confirmou as operações militares na Líbia após uma reunião extraordinária em Paris sobre a crise no país africano. O encontro contou com a presença de 22 representantes de governos e de organizações internacionais (ONU, Liga Árabe e União Africana).
O clima de urgência da cúpula aumentou após informações de que Benghazi continuou sendo palco de enfrentamentos apesar de um cessar-fogo anunciado pelas forças do regime líbio. Neste sábado, um avião caça chegou a ser abatido e caiu, em chamas, sobre Benghazi. "Se não houver um cessar-fogo imediato, nossos países recorrerão a meios militares", advertiu Sarkozy, após o encontro.
O presidente francês afirmou que Kadhafi "desdenhou" do ultimato da comunidade internacional, "intensificando seus ataques assassinos nas últimas horas".
Sinal verde
Na quinta-feira, a ONU adotou a resolução 1.973, que instaura uma zona de exclusão aéra na Líbia para proteger os civis de bombardeios e autoriza os Estados membros a tomarem "todas as medidas necessárias" para proteger os civis dos ataques, excluindo a possibilidade de envio de forças de ocupação estrangeiras.
"Nossas forças se oporão a todas as agressões", disse Sarkozy. "Nossa determinação é total", acrescentou o líder francês. O presidente francês afirmou que "todos os meios necessários, particularmente militares serão aplicados para garantir o respeito das decisões do Conselho de Segurança da ONU".
O governo líbio anunciou um cessar-fogo na sexta-feira, mas desde o princípio os rebeldes e líderes da comunidade internacional se mostraram reticentes em relação ao anúncio. Neste sábado, a reportagem de BBC em Benghazi testemunhou a entrada de tanques das forças do coronel Khadafi na cidade. A agência de refugiados da ONU, Acnur, diz que está se preparando para receber 200 mil pessoas que tentam se afastar dos combates.